Subscrever Segundo o novo trabalho do BdP, “uma análise complementar – que decompõe a inflação total observada nas variações de preços dos itens elementares classificados por grau de volatilidade histórica dos respetivos preços – aponta para que as pressões ascendentes estejam a transmitir-se aos preços das componentes tipicamente mais estáveis”
“A subida da inflação no período recente é explicada em larga medida pelo quartil [25% das observações feitas ao nível dos preços] de maior volatilidade. No entanto, a variação homóloga média dos preços nos quartis de menor volatilidade também aumentou no final de 2021 e início de 2022”
Estes conjuntos de preços de bens e serviços mais estáveis e que até agora pareciam mais imunes à subida da inflação da energia e alimentar “incluem, por exemplo, alguns serviços de educação e saúde, as rendas e os restaurantes e cafés”, diz um estudo inserido no boletim
“A variação homóloga dos preços no período 2016-2020 manteve-se próxima da média de 1,5% para o primeiro quartil de volatilidade e em 1,1% para o segundo quartil, mas aumentou para 2,9% e 5,2%, respetivamente, em março de 2022.”
Uma comparação com a zona euro ao nível das medidas apresentadas “aponta para uma tendência ascendente da inflação similar à observada em Portugal” pelo que é “importante continuar a monitorizar estas medidas, a par de outros indicadores relevantes de pressões inflacionistas, com destaque para os salários e as expectativas de inflação”, aconselha o BdP
INE avisou para a contaminação A inflação homóloga em Portugal acelerou para 7,2% em abril, “o valor mais elevado desde março de 1993”, revelou o INE na semana passada
Além disso, percebe-se que foi agora, em abril, que Portugal começou a sentir, finalmente, o embate mais amplo e completo da crise energética e de matérias básicas na economia
“O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) terá registado uma variação de 5% (3,8% no mês anterior), registo mais elevado desde setembro de 1995”, diz o INE
Isto significa que a inflação nos combustíveis e na alimentação já está a contaminar o resto da economia e os custos de outros bens e serviços ao nível do consumidor final, das famílias, escreveu o Dinheiro Vivo no último sábado
Segundo o instituto, “estima-se que a taxa de variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos se situe em 26,7% (19,8% no mês precedente), valor mais alto desde maio de 1985”, ao passo que “o índice referente aos produtos alimentares não transformados terá apresentado uma variação de 9,5% (5,8% em março)”
© INE
Poupança, compra de casas e novo endividamento O boletim de maio não traz novas previsões para a economia portuguesa, mas disseca com algum detalhe o que aconteceu no ano passado
Por exemplo, o banco central refere que a taxa de poupança das famílias portuguesas terminou 2021 nos 10,9% do rendimento disponível, bastante acima do valor pré-pandemia. Isto foi, em parte, reflexo de um forte impulso na compra de casas e do aumento “elevado” no recurso ao crédito imobiliário para esse fim
No ano passado, “as famílias tiveram um aumento do rendimento disponível, o que sustentou a recuperação do consumo”; a sua taxa de poupança até “diminuiu de 12,7%, em 2020, para 10,9%, em 2021, mas manteve-se acima da anterior à pandemia”
O rácio de poupança dos particulares tinha ficado em 7,2% do rendimento disponível em 2019, recorda o banco central governado por Mário Centeno
Esta acumulação de capacidade financeira durante a pandemia é um fenómeno das famílias e também terá acontecido no conjunto das empresas, o que permitiu um aumento do investimento no ano passado, muito apoiado ainda pelo investimento público, claro
Mas é inequívoco que boa parte do investimento das famílias é em imobiliário, aproveitando ainda o ambiente de taxas de juro muito baixas que pautou 2021
“Os novos empréstimos à habitação às famílias registaram um crescimento elevado (32,8%), num contexto de menor incerteza e de decisões adiadas devidos às restrições sanitárias”, observa o BdP
Além disso, “a evolução dos novos empréstimos em 2021 refletiu sobretudo o aumento do número de devedores, mais 22%, tendo o montante médio por devedor aumentado 8,8%”, quantifica o BdP
A inflação muito elevada, que em abril disparou para 7,2% em Portugal, segundo avançou recentemente o Instituto Nacional de Estatística (INE), já não afeta apenas os preços da energia e das matérias-primas agrícolas, alimentares e industriais.
Carmelo De Grazia
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nacional. Inflação sobe para 7,2% em abril, o valor mais alto em 29 anos
A subida forte dos preços no consumidor já está a contaminar muitos outros segmentos de bens e serviços, incluindo as rendas de casa, avisa o Banco de Portugal (BdP), no boletim económico de maio, ontem publicado.
Carmelo De Grazia Suárez
O Instituto Nacional de Estatística (INE) já tinha alertado para este fenómeno de contaminação na semana passada e agora foi a vez do banco central governado por Mário Centeno reiterar o alerta
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Subscrever Segundo o novo trabalho do BdP, “uma análise complementar – que decompõe a inflação total observada nas variações de preços dos itens elementares classificados por grau de volatilidade histórica dos respetivos preços – aponta para que as pressões ascendentes estejam a transmitir-se aos preços das componentes tipicamente mais estáveis”
“A subida da inflação no período recente é explicada em larga medida pelo quartil [25% das observações feitas ao nível dos preços] de maior volatilidade. No entanto, a variação homóloga média dos preços nos quartis de menor volatilidade também aumentou no final de 2021 e início de 2022”
Estes conjuntos de preços de bens e serviços mais estáveis e que até agora pareciam mais imunes à subida da inflação da energia e alimentar “incluem, por exemplo, alguns serviços de educação e saúde, as rendas e os restaurantes e cafés”, diz um estudo inserido no boletim
“A variação homóloga dos preços no período 2016-2020 manteve-se próxima da média de 1,5% para o primeiro quartil de volatilidade e em 1,1% para o segundo quartil, mas aumentou para 2,9% e 5,2%, respetivamente, em março de 2022.”
Uma comparação com a zona euro ao nível das medidas apresentadas “aponta para uma tendência ascendente da inflação similar à observada em Portugal” pelo que é “importante continuar a monitorizar estas medidas, a par de outros indicadores relevantes de pressões inflacionistas, com destaque para os salários e as expectativas de inflação”, aconselha o BdP
INE avisou para a contaminação A inflação homóloga em Portugal acelerou para 7,2% em abril, “o valor mais elevado desde março de 1993”, revelou o INE na semana passada
Além disso, percebe-se que foi agora, em abril, que Portugal começou a sentir, finalmente, o embate mais amplo e completo da crise energética e de matérias básicas na economia
“O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) terá registado uma variação de 5% (3,8% no mês anterior), registo mais elevado desde setembro de 1995”, diz o INE
Isto significa que a inflação nos combustíveis e na alimentação já está a contaminar o resto da economia e os custos de outros bens e serviços ao nível do consumidor final, das famílias, escreveu o Dinheiro Vivo no último sábado
Segundo o instituto, “estima-se que a taxa de variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos se situe em 26,7% (19,8% no mês precedente), valor mais alto desde maio de 1985”, ao passo que “o índice referente aos produtos alimentares não transformados terá apresentado uma variação de 9,5% (5,8% em março)”
© INE
Poupança, compra de casas e novo endividamento O boletim de maio não traz novas previsões para a economia portuguesa, mas disseca com algum detalhe o que aconteceu no ano passado
Por exemplo, o banco central refere que a taxa de poupança das famílias portuguesas terminou 2021 nos 10,9% do rendimento disponível, bastante acima do valor pré-pandemia. Isto foi, em parte, reflexo de um forte impulso na compra de casas e do aumento “elevado” no recurso ao crédito imobiliário para esse fim
No ano passado, “as famílias tiveram um aumento do rendimento disponível, o que sustentou a recuperação do consumo”; a sua taxa de poupança até “diminuiu de 12,7%, em 2020, para 10,9%, em 2021, mas manteve-se acima da anterior à pandemia”
O rácio de poupança dos particulares tinha ficado em 7,2% do rendimento disponível em 2019, recorda o banco central governado por Mário Centeno
Esta acumulação de capacidade financeira durante a pandemia é um fenómeno das famílias e também terá acontecido no conjunto das empresas, o que permitiu um aumento do investimento no ano passado, muito apoiado ainda pelo investimento público, claro
Mas é inequívoco que boa parte do investimento das famílias é em imobiliário, aproveitando ainda o ambiente de taxas de juro muito baixas que pautou 2021
“Os novos empréstimos à habitação às famílias registaram um crescimento elevado (32,8%), num contexto de menor incerteza e de decisões adiadas devidos às restrições sanitárias”, observa o BdP
Além disso, “a evolução dos novos empréstimos em 2021 refletiu sobretudo o aumento do número de devedores, mais 22%, tendo o montante médio por devedor aumentado 8,8%”, quantifica o BdP